terça-feira, 15 de julho de 2014

Sorte é não ter um amor tranquilo


Som ligado, e começam os primeiros acordes de "Todo Amor que houver nessa vida". Realmente adoro essa música, mas acho que Cazuza e Frejat se equivocaram um pouquinho com a letra da música. "Eu quero a sorte de um amor tranquilo", bonita a frase. Mas eu acho que não quero um amor tranquilo.

Que coisa sem graça deve ser. Não tem história, não tem enredo, não tem frio na barriga. Se tem uma coisa que meus amores ao longo da vida me ensinaram, é que aquela sensação gostosa no estômago - sabe aquela de montanha russa? - é bem mais gostosa que a felicidade morna. Imagino um namoro cheio de eu te amo e buques de rosa todos os meses. Não tem surpresa.

Gosto mesmo é do arrepio da surpresa, do coração disparado por não saber qual é o próximo passo. Nada se compara ao sabor do desconhecido. O bom da vida é aquela marca que fica do novo. O gosto da falta, os segundos de preocupação com outro, a incerteza com o pensamento do outro não ser o mesmo que o seu.

Nada precisa ser absoluto. Não conheço um casal feliz sequer que não tenha dias de sol, dias de nuvens, ou uma chuvinha de vez em quando. Não consigo acreditar que relacionamentos felizes sejam sempre tranquilos. A paz selada após uma briga tem bem lá suas vantagens. Assim como um dia de preguiça e no silêncio da companhia um do outro depois de dias agitados é reconfortante. Não quero só esperar as coisas acontecerem, quero faze-las acontecerem.

Não quero um relacionamento dominado pelas brigas, mas me entenda. Nada nessa vida é tão sem graça que ter todos os dias tranquilos. Ir à praia depois de muito tempo, é bem mais gostoso que ir todos os dias. Quero sentir saudade, ter vontade de contar os minutos para um novo encontro e sentir no peito aquela necessidade do outro. Quero ter dias tranquilos tão gostosos quanto aqueles agitados. Quero balançar o mundo de alguém e ter aquela certeza de que não serei esquecida.


Bom mesmo é o beijo quando menos se espera, aquele aperto nas mãos quando se precisa e o melhor abraço do mundo dado quando se tem vontade. Deixa esse negócio de fruta mordida pra lá, meu amor. Corta esse trem e joga um açúcar, uma canela, qualquer coisa. Põe até um leite condensado se tiver. Quando se trata de mim, prefiro uma salada de frutas daquela de sentir orgasmos com o sabor, do que uma maçãzinha mixuruca que só vai me deixar com fome.

Thalyne Carneiro



2 comentários:

Anne Rangel disse...

"maçãzinha mixuruca que só vai me deixar com fome."
Ri horrores kkkk
Tbm não quero um amor que só seja tranquilo, quero aquele amor completo, pois uma coisa que aprendi na vida é que nada eh bom ou mal por completo. Yin-Yang, viva a lei do equilíbrio!!

Thalyne Carneiro disse...

Vivaaa! \o/ kkk

Naaam, coisa mais sem graça. Gosto é da emoção.