Olho pra ele
e sinto o mundo inteiro parar. Meu coração dispara quando nossos olhos se
encontram e tudo volta a se mexer no ritmo de sempre, enquanto me sinto
ridícula por ainda não saber o que dizer só por você estar por perto. Me sinto
tímida, minhas mãos ficam geladas e me pergunto pela centésima vez se o meu
corpo sempre vai se comportar assim quando te vejo.
Você me
abraça, me aperta, me belisca, implica comigo. Faz tanta coisa que eu acho
insuportável que não sei como nunca briguei com você por essas coisas. Só
porque é você, eu acho... bonitinho. Quase fofo. E isso me faz me achar
ridícula. Tenho vontade de me chutar. Qual é, garota, você é melhor que isso.
Balanço a
cabeça e tento colocá-la no lugar. Ele é só um cara e você já viu um desses
antes. Reaja. Respiro fundo e volto a tentar me concentrar, mas é tarde demais,
o cheiro dele já grudou na minha roupa e agora até respirar me faz lembrar
dele. Droga!
Vejo outras
garotas olhando pra ele. E é claro que ele gosta. Parece que vive pra atrair a
atenção feminina. Até me sinto orgulhosa por alguns instantes pelo meu bom
gosto, mas aí você fica estupidamente convencido, o que me deixa profundamente irritada. Noto com tristeza que essa maldita pontada no peito e a raiva que engulo em
seco é o maldito ciúme. Nessa hora quase me espanco até a morte. Devo ter
enlouquecido mesmo. Vê se pode, eu com ciúme. Odeio essa versão de mim.
Longe, perco
a fome e parece que nada nessa vida é bom o suficiente pra me distrair. Deixei você
entrar tanto nela que agora não consigo nem sequer fazer algo sem que a
lembrança de você dizendo ou fazendo algo sobre o assunto me pegue de guarda
baixa e eu sinta a falta de você. Parece uma droga, cujo o efeito colateral da
minha abstinência seja a saudade, que dói e aperta o peito.
Sinto no
fundo da alma que vou me dar mal. Odeio essas coisas e não sei o que fazer com
elas, mas meu coração ainda quer sentir. Mesmo que se machuque, mesmo que o seu
não queira acompanhá-lo no sentimento ou que sua atenção não seja
exclusivamente minha. Ele simplesmente quer você. Respiro fundo e tenho raiva
de mim pelo o que decido. Posso até me magoar, mas não vou desistir de você. E
se eu cair, vai ser como gato, de pé, porque eu saberei que tentei.
Thalyne Carneiro