Estamos no mesmo
lugar. Como todos os outros dias da nossa rotina. Nossos olhares se cruzam. A
comunicação muda acontece. Falo com você, cumprimentando-o com um dos meus
abraços mais apertados. Seu queixo desliza em direção a minha clavícula,
descendo pelo meu pescoço.
Meu coração para de bater por alguns segundos. Mesmo acostumada
com isso, é uma surpresa eu gostar tanto assim disso que você faz. Suas mãos
descem da minha cintura para o meu quadril, e você prende meus olhos nos seus
de novo. Isso me mata de vergonha, mas não consigo afastar meus olhos dos seus,
você me prende, me embala, e depois do que parece uma eternidade, me solta.
Seus jogos me irritam, me cansam, me fazem ficar brava com você.
Fico abismada com a sua insistência neles, mesmo sabendo que eu já consegui,
não precisa deles. Mas você me desafia. Com o seu olhar me mostra que eu tenho
que continuar, que eu preciso fazer isso. Me convida para uma batalha que em
outras épocas, com outras pessoas, eu recusei.
Os seus olhos fazem eu me sentir intimidada, dominada, submissa a
você. Tento evitá-los o máximo possível, porque sei que quando os meus
encontrarem os seus, minhas forças para desviá-los não existem. Permanecemos
nesse jogo por poucas horas, mas não conseguiria diferenciá-las de dias ou
anos. Perco a noção do tempo, com seu olhar, preso ao meu.
Sua despedida me
alivia. Sei que vou poder voltar a me concentrar no que preciso fazer, sem o
peso do seu olhar sobre mim. Trocamos poucas palavras, um abraço menos caloroso
e mais uma vez seu queixo repousa no meu ombro, enquanto percebo a sua
tentativa frustrada de disfarçar que está sentindo o meu cheiro.
Meus olhos procuram
os seus enquanto lhe vejo ir. Noto, com certo orgulho, que você procura os meus
também. Lhe dou um sorriso tímido, um aceno. Você tenta continuar com sua pose
de macho alfa, mas acaba se desmanchando num sorriso e então... vai embora. Fazendo
com que os meus olhos tenham que esperar mais um dia para ver os seus.
Thalyne Carneiro