Bato o meu pé no chão impacientemente enquanto mordo os lábios.
Perco o sono, a fome e minhas mãos permanecem geladas pela ansiedade da minha
espera interminável. Não me leve a mal, mas esperar a sua boa vontade de
decidir o que exatamente sente por mim, me mata. Eu simplesmente odeio esperar.
Deixa acontecer naturalmente! Diz todo mundo. Queria muito
encontrar a criatura estúpida que disse isso. Será que ela sabe como gente
ansiosa como eu simplesmente tem pavor de esperar? Sou daquelas que sabe
horário de ônibus quase decorado, só pra não ter que passar um tempo
considerável mofando na parada de ônibus. Ou que chega exatamente 5 minutos
depois da hora marcada para não precisar esperar infinitamente. Tenho pavor de
salas de espera. Não consigo sentar e ver a vida passar. Isso me parece tão
inútil quanto tentar secar o chão da varanda enquanto chove.
E aí me aparece você com o seu jogo de xadrez interminável. Cada
movimento friamente calculado acontece quando você quer e acha conveniente. De
vez em quando me deixa capturar umas peças, mas logo dá um jeito de me deixar
em xeque outra vez. E todo dia me deparo com essa guerra interna de te dar um
ultimato, e correr o risco de te assustar, ou ficar calada, e me deparar com a
perspectiva de você nunca se decidir.
Então nos vemos, como todos os dias. Espero sua resposta e...
Nada. Isso mesmo, nada. Procuro sinais, indícios, pistas, gestos, ou qualquer
coisa que me diga o que eu quero tanto saber. Acho algumas coisas favoráveis,
outras nem tanto. Difícil de entender. Você é tão imprevisível, que me pego sem
saber o que fazer ou pensar. Sua cabeça seria um desafio e tanto, até mesmo,
para Sherlock Holmes.
Mais uma vez, você me tem acorrentada aos seus pés e eu nada posso
ou consigo fazer. É perigoso demais. Essa espera é quase dolorosa, mas nem se
compara ao meu medo de nunca mais ter você. E é só por isso que eu continuo na
sala de espera do seu coração. Mas não demore, por favor. Minhas revistas já
estão acabando.
Thalyne Carneiro
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