quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sala de Espera


Bato o meu pé no chão impacientemente enquanto mordo os lábios. Perco o sono, a fome e minhas mãos permanecem geladas pela ansiedade da minha espera interminável. Não me leve a mal, mas esperar a sua boa vontade de decidir o que exatamente sente por mim, me mata. Eu simplesmente odeio esperar.

Deixa acontecer naturalmente! Diz todo mundo. Queria muito encontrar a criatura estúpida que disse isso. Será que ela sabe como gente ansiosa como eu simplesmente tem pavor de esperar? Sou daquelas que sabe horário de ônibus quase decorado, só pra não ter que passar um tempo considerável mofando na parada de ônibus. Ou que chega exatamente 5 minutos depois da hora marcada para não precisar esperar infinitamente. Tenho pavor de salas de espera. Não consigo sentar e ver a vida passar. Isso me parece tão inútil quanto tentar secar o chão da varanda enquanto chove.

E aí me aparece você com o seu jogo de xadrez interminável. Cada movimento friamente calculado acontece quando você quer e acha conveniente. De vez em quando me deixa capturar umas peças, mas logo dá um jeito de me deixar em xeque outra vez. E todo dia me deparo com essa guerra interna de te dar um ultimato, e correr o risco de te assustar, ou ficar calada, e me deparar com a perspectiva de você nunca se decidir.


Então nos vemos, como todos os dias. Espero sua resposta e... Nada. Isso mesmo, nada. Procuro sinais, indícios, pistas, gestos, ou qualquer coisa que me diga o que eu quero tanto saber. Acho algumas coisas favoráveis, outras nem tanto. Difícil de entender. Você é tão imprevisível, que me pego sem saber o que fazer ou pensar. Sua cabeça seria um desafio e tanto, até mesmo, para Sherlock Holmes.

Mais uma vez, você me tem acorrentada aos seus pés e eu nada posso ou consigo fazer. É perigoso demais. Essa espera é quase dolorosa, mas nem se compara ao meu medo de nunca mais ter você. E é só por isso que eu continuo na sala de espera do seu coração. Mas não demore, por favor. Minhas revistas já estão acabando.


Thalyne Carneiro

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