terça-feira, 2 de julho de 2013

Canção de nós


Me acostumei a fugir do amor quase como o diabo foge da cruz. Me tornei a mulher Folhetim do Chico, com mais facilidade do que respirar. Achei que amar era tão desnecessário que era só uma questão de controle. Como se existisse um botão de liga/desliga e era simples assim. Eu não ia deixar meu coração ser de outro assim tão fácil.

No meio de tantas páginas viradas e descartadas me apareceu você, o tal do Amante Profissional dos Paralamas. Sabe aquele tipinho banal que vive rindo? Pois é, aquele por quem as mulheres morrem de amores. Pulei de cabeça nesse abismo chamado desafio que era você. Como quem tenta segurar água nas mãos, me vi cercando você, para que fosse só mais um.

No começo até que deu certo, eu ri de você e dos seus joguinhos, um absurdo um rapaz tão grande e adulto ser tão moleque. Mas é tão moleque, mas tão moleque, que não queria parar de brincar comigo. Me vi presa a você e quando eu menos esperava, você se tornou a cifra que sem a qual, a sinfonia que sou, não consegue existir. E nesses seus acordes e notas, fui criando um poema tão bonito, só para tentar nos transformar na canção mais perfeita que o mundo iria ouvir.

Nessa nossa pauta, só não esperava, que além de notas, você seria a clave, aquela que dá o tom da música. Se tornou um agudo tão grande que vi meu coração não aguentar e a melodia antes linda, se tornou um lamento, e a trilha sonora de mais uma das minhas várias fugas desenfreadas do amor. E eu corro, corro, corro. Mas você sempre me alcança.

E eu nem sei bem o que eu esperava de você, talvez achei que poderíamos ser mais uma balada do amor inabalável, ou uma daquelas canções em que se buscam tanto a batida perfeita. Mas não fomos e provavelmente nunca seremos. E aí sou eu no meio dos meus lamentos. E nessas coincidências que são o amor, a nossa música nunca mais tocou. Por mais que eu a queira colocar num eterno replay no meu coração.


As páginas viradas e descartadas nada suspeitam. Elas até se esforçam, mas nenhuma consegue produzir a sinfonia que você é para mim. São só notas soltas que não conseguem virar uma canção, enquanto meu coração tenta esquecer a melodia que você deixou aqui. Melodia que é só sua e de mais ninguém.


Thalyne Carneiro


2 comentários:

Juliana disse...

*.* lindo!! :)

Thalyne Carneiro disse...

Awn *---* Obrigada, Ju!