Minhas mãos procuram alguma coisa ao
meu lado na cama que nunca esteve ali. Abro os olhos para perceber que eu só
estava sonhando. De novo. Dou um suspiro e tento lidar com a perspectiva de que
não vou ter você amanhã. Nem depois de amanhã e muito menos nos dias que vem
depois disso.
Começo a procurar na minha cabeça
algum pensamento mais feliz, na tentativa de fazer a minha mente vagar de volta
para o sono já perdido. Me vem na cabeça a imagem de uns gatinhos lindos que eu
vi mais cedo em uma foto. Faço uma anotação mental de lembrar de te mostrar,
você gosta tanto de gatos... Esquece os gatos.
Pego os fones de ouvido. Escutar
música pode fazer meu sono voltar, quem sabe? Aperto o play sem nem olhar. Só
para perceber, um pouco tarde demais, que a banda que começou a tocar era Legião
Urbana. Logo Legião. A banda do cara que você mais admira no mundo. E para
melhorar a situação, a música ainda era “Eduardo e Mônica”, que já começa com
aqueles versos inspiradores sobre o amor. Desligo a música.
Tiro os fones de ouvido e saio do
player. Fico sorrindo feito boba para o papel de parede novo do meu celular. A
foto que aparece agora na tela é do cachorro da raça mais adorável que existe,
na minha humilde opinião – um pug. Fico pensando como podem existir pessoas que
não conseguem achá-lo no mínimo fofo por causa da carinha “amassadinha” que ele
tem. Começo a me lembrar do discurso inflamado que você me fez uma vez sobre a
feiura do bicho. Desato a rir, mas paro em seguida, irritada por você ter
conseguido se ligar a isso também.
Levanto da cama, vou até cozinha e
tomo um copo d’água. Noto o quanto está fazendo frio e fico pensando em como
seria legal ficar abraçada com alguém do jeito que você me abraçava. Começo a
perceber o quanto você me faz falta e como não posso mudar nada sobre isso.
Resolvo voltar para o quentinho da
minha cama. Pego o celular de volta e começo a escrever esse texto. Pode não
trazer de volta o sono perdido ou você. Mas pelo menos vai fazer o tempo passar
mais rápido.
Thalyne Carneiro
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