segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A mentira perfeita


Ele me dá uma daquelas olhadas de quem sabe demais enquanto passa a mão na barba. Não me diz nada, mas sei por experiência que esse gesto significa que estou perdida. Não que seja ruim, mas vê que ele sabe que não consigo fugir me deixa irritada. Como pude deixar isso acontecer?

Já tentei trocar por outro(s). Não responder as mensagens na hora em que elas chegam. Me manter ocupada ou quem sabe não vê-lo mais. Nada funciona. Na verdade é como se eu acendesse um sinal luminoso que grita "Vai atrás dela, rapaz!", porque quando menos espero, olho por cima do ombro e lá está ele de novo.

E o pior de tudo é que o infeliz me faz falta. Porque não basta ter time perfeito pra correr atrás, tem que ser bom amigo e pensar exatamente igual a mim. E ainda adivinhar o que eu quero e fazer do jeito perfeito. Ah, mas tinha que ser bonito também, daqueles que um sorriso faz as mulheres se derreterem, saber ser fofo na hora certa e bruto também. Como pode ser tão o que eu gosto, meu Deus?

Aí vem a pergunta: qual o problema com ele afinal? O problema, colega, é que ele é perfeito demais para mim e isso me deixa doente. Porque ele é encrenca, encrenca daquelas das boas. Que só de olhar você sente lá dentro que tem que correr, sem nem olhar para trás. Porque se chegar perto, ah, amiga, você tá perdida.


Mas o melhor de tudo, espera, essa é a melhor parte, é que eu acho que gosto dele. Sim, da encrenca. Aquele mesmo que foi me visitar porque eu tava doente, o que pediu para eu tomar conta dele, o que me deseja boa noite, tem o abraço mais gostoso do mundo e que adora me arrastar para longe das pessoas a fim de me roubar um beijo. O rapaz que até tenta sumir, mas sente saudade tanto quanto eu.

Então ele me abraça. Puff. Tudo que eu podia pensar ou questionar vai embora. Ele sorri e eu sorrio. E não tem mais nada que eu possa fazer, além de sermos nós. Só mais uma vez, eu digo (minto) pra mim. Só mais uma.


Thalyne Carneiro

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